Uma noite qualquer, muito cansado após ter enfrentado um dia longo resolvi deitar e consumir uma droga chamada sonho – o bom que pude ser meu próprio traficante. Resolvi usar uma dose só, foquei em algo chamando mundo perfeito (queria uma alucinação à la LSD) e não demorou a fazer efeito, em instantes me senti no País das Maravilhas – foi mal Alice, o mundo não é só seu.
Enquanto consumia esse entorpecente os efeitos foram rapidamente aparecendo... um dia ensolarado em São Paulo, pessoas educadas pelas ruas conversavam entre si a cada sinal vermelho para pedestre e eu caminhando em direção ao trabalho empolgado como se cada dia fosse o primeiro! Ambiente corporativo ainda meio conturbado (talvez precise de uma dose maior na próxima) porém com situações adversas rapidamente resolvidas e o clima... ah que clima de alegria, proximidade e amizade dignas de filme – talvez “Requiem For a Dream”, por que não?
Claro que não ficaria somente no trabalho, caso contrário eu jamais iria consumir novamente essa droga! No meio de tudo como sempre há uma mulher, perfeita, mas já a conhecia ou será que havia tido um romance? Não sei, a essa altura já estava bem grogue pra ser sincero! Sei que foi o êxtase, onde quis que o mundo parasse e não para eu descer e sim para girar em volta dela... era algo onde eu tinha a chance de completar meus equívocos amorosos e ela de corrigir seus deslizes – que não necessariamente havíamos passado juntos, talvez esse foi o momento “nascidos um para o outro e pausados pelo destino”.
Literalmente pausados, pois entre o fechar e abrir dos olhos, essa droga passou a ser um veneno que percorria minhas veias com o enigma da perfeição me fazendo querer mais e mais! Mas meu corpo talvez não estivesse preparado para tudo isso de uma vez... e automaticamente rejeitou e fez com que o antídoto surgisse: alguém me ligou na vida real e tudo acabou! E foi assim que essa dose acabou: telefone tocando, reunião de última hora e ninguém ao meu lado na cama...
Agora com licença, vou esperar a noite chegar e me drogar mais um pouco... cansei dessa tal de caretice!
